Larry Mullen teve momentos difíceis na infância e adolescência, pois perdeu a irmã mais nova em 1973 e a mãe, em 1976, em um acidente de carro. Seu pai também era bem disciplinador. Esses fatos marcaram sua vida e talvez sejam um dos motivos pelos quais ele é conhecido por ter fama de ‘durão’.
Mas ainda voltando um pouco no tempo, Larry iniciou na música aos 8 anos de idade tocando piano. Mas ele não curtiu muito quando descobriu que teria que estudar escalas e teoria da música e mudou logo para bateria, em 1971. Um dia, na School of Music em Chatham Row, uma professora disse: “Larry, pare de bater no meu piano.” E foi aí que ela sugeriu que ele mudasse de instrumento.
Os pais dele já tinham gastado um bom dinheiro com as aulas de piano, por isso falaram que se ele quisesse aprender a tocar bateria teria que bancar por si mesmo. Então, Larry passou a cortar grama e lavar carros para pagar o primeiro período. Depois seus pais acabaram cedendo e pagaram o restante.
Larry teve aulas com um dos bateristas mais famoso da Irlanda, Joe Bonnie, e depois que este morreu, com sua filha Monica. No início, ele se animou muito mas depois começou a ficar enjoado porque teria que estudar teoria da música novamente, coisa que ele odiava e que o fez desistir do piano. Ele simplesmente só queria tocar! Porém, hoje em dia se arrepende dessa atitude.
Cecília, a irmã mais velha de Larry, foi quem lhe deu sua primeira bateria. Larry chegou a tocar na ‘The Artane Boys Band’ por três semanas. Na época, queriam que Larry cortasse o cabelo, que estava na altura dos ombros, e ele se recusou. Depois ele tocou na banda dos Correios, que misturava muito instrumental com percussão. Isso o atraia, além do fato de ter garotas na banda.
“Eu me diverti muito naquela banda. A gente costumava tocar no coreto da Stephen´s Green ou no píer no Dun Laoghaire durante o verão. Nós participamos de competições por todo o país e marchamos em diversos tipos de eventos. O uniforme nunca ficava direito porque não tinha sido feito pra mim, era de alguém que tinha largado a banda e que tinha duas vezes a minha idade e o meu tamanho. Estava sempre rolando uma costura na casa dos Mullen. Tinha algo muito legal em ter uma bateria presa a você enquanto você está marchando pela rua.” (U2 BY U2)
Em 1976, seguindo os conselhos do pai, Larry colocou um aviso no mural da Mount Temple Comprehensive School procurando músicos pra formar uma banda. E em 25 de setembro aconteceu o primeiro ensaio na cozinha de sua casa, sob os olhares de sua família. Começava ali a trajetória do U2, ou melhor, do que viria a ser o U2 porque até então o grupo se chamava ‘The Larry Mullen Band’.
Larry Mullen Jr. não é somente o baterista e fundador do U2. Sua voz tem igual ou até maior importância em alguns momentos da banda. Dizem por aí que a palavra final é sempre dele. Entretanto, o U2 é uma democracia e Larry é o que podemos dizer ser o mais difícil de ter suas ideias mudadas.
Por isso, muitos o consideram um cara fechado, antipático, mal-humorado. Eu, pessoalmente, não concordo tanto, acho que há certo exagero. (Logo mais vocês poderão ler o depoimento da Patrícia Moura, da UV Bahia, que o conheceu pessoalmente em 2006). Mas enfim, acho que o Larry só quer ser um cara normal, levar uma vida tranquila, sair pra beber com os amigos, andar de moto, ir aos jogos de futebol… Essa coisa grandiosa da fama, da invasão de privacidade e também da falsidade que rola e muito no show business, Larry tá fora.
“As pessoas dizem: ‘Por que você não dá entrevistas? O que você pensa sobre isto? O que você pensa sobre aquilo?’” Larry suspira. “O meu trabalho na banda é tocar bateria, subir ao palco e manter a banda junta. É isto que eu faço. No final do dia, isto é tudo o que importa. O resto é irrelevante.” (U2 At The End Of The World)
Relaciono esse jeito também à educação rígida que ele teve, às tragédias pelas quais passou. Larry contou até rindo essa história de quando ele e a irmã eram crianças ainda e durante a noite de Natal começaram a insistir dizendo: ‘Eu acho que ouvi o Papai Noel, pai! Eu acho que ouvi o Papai Noel!’ E o pai deles simplesmente respondeu: ‘Não existe Papai Noel! Agora vão dormir!’
Claro, também não vou negar que o Larry tenha uma personalidade forte desde menino, porque, por exemplo, quando sua mãe o proibiu de sair pra tocar com o U2 por ser ainda menor de idade, ele não quis nem saber e foi.
Ao mesmo tempo, uma vez conquistada a confiança do Larry, certeza de que ele será um fiel amigo.
“É muito, muito estranho o mundo em que vivemos. Eu era muito novo quando a banda começou. Eu acabei fazendo isto por culpa de uma tragédia, de certo modo. A minha mãe morreu e eu fui direto para a banda, isto foi o empurrão. Na estrada, eu estava cercado por pessoas que eram mais velhas do que eu e mais experientes do que eu. Eu tinha dezessete. Eu era um virgem. Eu tinha dificuldades como qualquer adolescente teria. Quando você é um garoto e é jogando nisto, é muito duro. Algumas pessoas lidam com isto melhor do que outras. Eu sinto que eu talvez seja menos afetado hoje do que os outros rapazes porque eu me apaixonei por isto. Eu amava isto quando era um garoto, então, quando eu fui para a estrada era tão difícil, eu simplesmente não sabia o que estava acontecendo, era muito complicado. Então, após acontecer um monte de coisas diferentes com a banda atingindo o sucesso, eu tomei uma decisão muito clara na minha própria cabeça de que isto é o que eu queria fazer e eu quero fazer isto com seriedade. Eu não quero mais ser apenas o baterista do U2. Eu quero realmente contribuir com algo diferente e fazer mais.” (U2 At The End Of The World)
A saúde do Larry já preocupou muito os fãs. Ele já enfrentou problemas na mão e tendinite, que foram amenizados com baquetas especialmente desenhadas para ele – ProMark. Também adquiriu uma dor nas costas, devido a uma lesão durante a turnê Joshua Tree. Larry chegou a operar a coluna em 1995, mas em menos de um mês depois da cirurgia já estava de volta à ativa para as gravações do álbum ‘Pop’, o que comprometeu sua recuperação.
Mesmo assim, Larry já realizou alguns projetos solos, incluindo colaborações com Daniel Lanois, Maria McKee e Nancy Griffith. Em 1990, como um amante de futebol, ele compôs e produziu a música ‘Put ´Em Under Pressure’ para a seleção da Irlanda na Copa daquele ano. A música até hoje é usada em alguns programas de televisão no país.
Outro sucesso do baterista foi em parceria com seu companheiro de banda, o baixista Adam Clayton. A ‘cozinha’ do U2 trabalhou junto na música- tema do filme ‘Missão Impossível’, de 1996, que alcançou o 8ª posição da Billboard e chegou a ser indicada para o prêmio Grammy na categoria Melhor Performance Instrumental Pop. Os dois também se uniram a Mike Mills e Michael Stipe, do R.E.M., para formar o grupo ‘Automatic Baby’ para o baile inaugural da MTV do presidente Bill Clinton, em 1993. (Nota-se que o nome vem da junção dos álbuns: Automatic For The People do R.E.M. e Achtung Baby do U2).
Mais recentemente Larry também tem se dedicado ao cinema. Sua estreia foi no filme ‘Man On The Train’, no qual atuou ao lado do ator Donald Sutherland. E nesta semana vimos a notícia de que ele fará mais um filme chamado ‘A Thousand Times Good Night’.
Larry Mullen Jr. foi considerado o número 21 de uma lista dos 50 melhores bateristas do rock da Stylus Magazine. E pensar que lá no começo da carreira, um executivo da CBS tinha falado que ele era horrível e deveria ser demitido do U2.
Larry é um baterista por instinto, que toca com o coração acima de tudo. Há uma dimensão dramática quando ele toca, notando melodias célticas, marchas militares da juventude. Sabemos que ele teve dificuldade no início em lidar com a bateria eletrônica, quando o U2 estava produzindo o Achtung Baby, mas conseguiu incorporar a tecnologia ao som da banda e ao seu modo de tocar. Larry foi além usando sintetizadores no projeto Passengers e também tocando teclado na música ‘Yahweh’, na turnê Vertigo. Li num artigo, fazendo uma comparação ao futebol, que o Larry seria aquele jogador que bate sempre bem na bola, com objetividade, e em prol do time. Acho que é uma boa descrição.
Agora os homens que me desculpem, mas não posso deixar de falar… Além de talentoso, o Larry também é lindo e enche os olhos das garotas! Parabéns ao galã, o “hit-man”, que deu o pontapé inicial no U2!!
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Texto: Fernanda Bottini
Fotos: Leah Siqueira
Arte: Ricardo Rocha
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