O disco do U2 que traz os melhores vocais de Bono, segundo o próprio

O U2 tem na voz de Bono uma de suas características mais próprias. Ainda que a banda tenha soado diferente ao navegar por vertentes distintas ao longo da carreira, o vocalista se mostra inconfundível em todas essas nuances.

Para o cantor, porém, existe um álbum que traz sua melhor performance. E não é um trabalho do início da discografia, como poderia se esperar.


À Hotpress, Bono revelou considerar How to Dismantle an Atomic Bomb (2004) como o disco responsável por apresentar sua interpretação vocal definitiva. E o que levou a isso? Na opinião dele, curiosamente, a morte de seu pai, Brendan Robert "Bob" Hewson, ocorrida em 2001.

"Minha voz está melhor do que nunca nesse disco. E eu acredito que isso é um presente de meu pai para mim. Ele era um grande tenor e quando ele morreu, ele passou isso para mim", disse o vocalista.


Bono e seu pai tiveram uma convivência nem sempre muito fácil. Bob Hewson ficou viúvo quando o vocalista do U2 tinha apenas 14 anos de idade e era muito duro com o filho.


Em seu livro, Surrender: 40 Songs, One Story (2022), o artista revela que Bob, fã de música clássica, disse certa vez que o cantor era "um barítono que acha que é tenor".


Na biografia, Bono também reflete sobre a relação entre a morte de Bob e a mudança em sua forma de cantar. Nas palavras do próprio:

"Minha voz se abriu e tem uma razão fisiológica para isso também, porque se você está mais relaxado como pessoa, sua voz se abre. Nos últimos anos, eu tenho cantado de maneiras que jamais poderia imaginar".


Apesar disso, o pai apreciava a música feita pelo filho — embora raramente falasse sobre o assunto. Bono contou para a Hotpress:

"Ele nunca falava nada sobre a música (do U2). Eu me lembro que ele gostava de ‘The Unforgettable Fire’. Não o álbum, a música. Ele achava que estávamos ficando bons na época de Rattle and Hum (1988) – ‘When Love Comes to Town’ era meio que uma favorita dele. Mas ele não sabia para onde estávamos indo nos anos 90"!


How to Dismantle an Atomic Bomb é visto por muitos como um disco de retomada na carreira do U2. A banda procurava por mais peso no som e trouxe o produtor Chris Thomas, que trabalhou com os Sex Pistols, para ajudá-los nisso.


Foram nove meses de trabalho que renderam praticamente um álbum completo. Todavia, metade da banda não estava satisfeita: enquanto Bono e o guitarrista The Edge estavam prontos para lançar o material, o baixista Adam Clayton e o baterista Larry Mullen Jr. eram contra.


O produtor Steve Lillywhite foi chamado para mediar a disputa interna. Como resultado, acabou ficando para retrabalhar todo o disco com o quarteto ao longo de mais seis meses.


No fim das contas, How to Dismantle an Atomic Bomb representou um ressurgimento do U2 no início do século, após uma década marcada por experimentos. Bono, em material extra do lançamento, chegou a declarar que aquele era o primeiro álbum de rock do grupo, já com mais de 20 anos de carreira. Era esse o impacto sonoro que conseguiram entregar.


Uma das principais faixas de How to Dismantle an Atomic Bomb é “Sometimes You Can't Make It on Your Own”. A composição de Bono surgiu muitos anos antes das gravações, com o título de “Though”, e era uma homenagem a Bob Hewson.


O vocalista chegou a cantá-la em 2001, no funeral do pai. A versão do disco foi totalmente retrabalhada, já com Lillywhite no estúdio.


Outros singles foram "Vertigo", “City of Blinding Lights” e “All Because of You”. O trabalho alcançou o primeiro lugar em paradas de 34 países e rendeu 8 Grammys ao grupo.


Fonte: Rolling Stone

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