para Sarajevo em 1993
para oferecer ajuda humanitária e rapidamente se viu no coração do conflito.
Viveu durante seis meses num edifício de escritórios, sobrevivendo com apenas
comida de bebê e água.
Ele
entrou em contato com U2 enquanto eles estavam fazendo a turnê Zoo
TV e pediu que a banda divulgasse para o público o que estava
acontecendo na Iugoslávia, pois sentia que o mundo ignorava o lado humano dessa
guerra.
A
banda organizou uma série de ligações via satélite onde Bill Carter deu a
alguns habitantes de Sarajevo a oportunidade de serem ouvidos perante estádios
de futebol lotados de fãs - nesta altura, as comunicações com Sarajevo já
haviam sido cortadas há mais de um ano e meio.
As
transmissões via satélite eram breves e não-editadas, portanto, em tempo real.
Bill Carter conseguiu que lhe enviassem da Califórnia, EUA, a sua câmera para
poder filmar o documentário (que foi produzido por Bono) com o objetivo de mostrar
ao mundo como a população local vivia durante esta guerra.
Em 1995, o U2 fez um projeto paralelo, Passengers. À pedido do
diretor Bill Carter e da insistência do cantor italiano Luciano Pavarotti, Bono
compôs a música “Miss Sarajevo”. A canção é inspirada no concurso de beleza
realizado na Bósnia em 1993, em plena guerra. As concorrentes fizeram um
protesto que depois ficou conhecido em todo o mundo.
“Miss Sarajevo” foi uma canção
feita para lembrar o mundo da Guerra da Bósnia, que ocorreu entre 1992 e 1995 e
resultou na morte de 57 mil militares e 38 mil civis. Mesmo devastado pela
guerra, com comida e água racionadas, a cidade de Sarajevo, principal palco dos
combates e atual capital da Bósnia-Herzegóvina, mantinha um movimento de
resistência que buscava manter o cotidiano mesmo com as atrocidades dos
combates. Apesar da feiura da cidade depois de devastada, eles fizeram um
concurso de beleza, o Miss Sarajevo, em 1993. O concurso foi realizado num
porão por medo da ação dos atiradores de elite sérvios, que a qualquer momento
podiam disparar. A vencedora foi Inela Nogic, de 17 anos.
A
canção protesta contra a guerra na Bósnia, criticando a comunidade
internacional pela sua inabilidade para parar a guerra e ajudar os afetados por
ela.
O
clipe dessa música combina imagens de parte do documentário de Bill Carter, com
imagens da primeira apresentação da canção em 1995, num concerto de Luciano
Pavarotti, em Modena (Itália).
Quando nós chegamos no aeroporto
ele estava nos esperando com cinco limusines brancas, cinco Mercedes. A janela
abaixou e o grande homem estava sentado no volante e nos levou pra dentro do
carro e dirigiu umas 15 milhas até sua casa. Os portões se abriram e nós fomos
nesse longo percurso e ele estacionou o carro... na mesa! (Risadas). Ele abriu
a porta e disse: ‘Massa!’ E que foi feita para mim! (Bono – In His Own Words)
Em
2003, devido a grande amizade, Bono voltou a cantar em Modena. Desta vez, ele
cantou ‘One’ sozinho e ‘Ave Maria’ em um dueto com Pavarotti.
Em
2007, quando Pavarotti faleceu vítima de câncer, Bono escreveu uma carta que
foi publicada no site oficial do U2. O título era assim: “Alguns cantam ópera,
Luciano Pavarotti era uma ópera”:
Ninguém podia concretizar aquelas melodias acrobáticas como ele. Viveu as canções, sua ópera era uma grande mistura de alegria e de tristeza; surreal e terreno ao mesmo tempo; um grande vulcão de homem que cantava o fogo mas derramava-o com um amor à vida em toda a sua complexidade, um amigo grande e generoso. Muito, muito divertido, o Pavlova que nós o costumávamos chamar. Um manipulador emocional, se quisesse que alguém lhe fizesse algo, era impossível dizer não. Um grande elogiador.
Quando quis que o U2 lhe
escrevesse uma canção, telefonou para ao nossa empregada, Theresa,
continuamente, assim que, nós falamos sobre pouco mais em nossa casa.
Quando quis que o U2 fosse
tocar em seu festival em Modena, viajou para Dublin sem anunciar-se com um
grupo de filmagens, e parou-nos na porta. A sua vida e talento eram grandes,
mas o seu sentido de serviço ao mais fraco e vulnerável era maior. Nós escrevemos-lhe “Miss Sarajevo”.
Ele tinha trabalhado na crise humanitária que era a guerra na Bósnia. Viajamos
juntos num voo da força aérea das NU para Mostar... todos nós muito sérios com
capacetes de guerra, apenas quase atirados neste avião industrial com este
grande homem que tem um grande pão com parmigiano de Reggio Emilia, "o
mais melhor queijo no mundo" disse... só para fazer-nos rir.
Em Pesaro, a sua casa de
verão, viveu uma vida quase boémia com um estúdio de gravação ajustado acima
numa casa de anexo - mas fez todos os seus vocais no seu quarto... lá era uma
rede pendurada entre dois pinheiros para uma siesta. Gostava de comer, de
dormir e de então aquecer então as suas cordas vocais, embora me recorde que
comia mais do que aquecia as cordas vocais. Quando pela primeira vez gravamos
com ele, saí de lá bem mais pesado do que quando cheguei. Intelectualmente curioso, não poderia
deixar de furar a sua própria geração – amante de ideias novas, povos novos,
novas formas de canções.
Um homem sexy cuja a vida se
iluminou outra vez quando caiu se apaixonou por Nicoletta e enquanto prestava
atenção quando Alice brincava no quintal. Amou muito todas as suas filhas. A
tristeza de perder o seu único filho era o seu único silêncio.
Falei-lhe esta última
semana... a voz que antes era mais alta do que o som de uma banda de Rock, era
agora um sussurro. Ainda assim comunicou o seu amor. Completamente cheio de amor.
É isso o que as pessoas não
compreendem sobre o Luciano Pavarotti. Mesmo quando a sua voz perdeu força, as
suas habilidades interpretativas faziam dele um gigante entre alguns homens
altos.”
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