Tradução do livro "U2 Show" - Parte 1

O livro "U2 Show", de Diana Scrimgeour, é composto basicamente de uma história fotográfica dos shows e turnês da banda e, ao final, constam artigos e entrevistas com praticamente todas as pessoas que trabalham ou trabalharam com eles nas turnês - incluindo empresário e assistentes do PM, agentes, promoters, pessoal envolvido na produção, som & imagem, design, iluminação, figurinos, roadies, técnicos dos instrumentos, produtores dos discos etc. O livro é endossado pelo U2 e Paul McGuinness.
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O tema do livro são as apresentações ao vivo, não há datas e setlists. O foco é na concepção de cada turnê, como os shows foram construídos. A ideia deste projeto é divulgar traduções livres das partes mais interessantes ou reveladoras dos artigos. Começando com Ellen Darst, uma das tantas mulheres que foram importantes na carreira do U2.


ELLEN DARST

Ellen Darst foi responsável pelo escritório do Principle Management nos Estados Unidos, de 1983 a 1993.

Sobre suas primeiras impressões sobre o U2, de como tudo começou:

"Havia muitas coisas que diferenciavam o U2 de outras bandas, mas talvez a mais importante delas fosse a pura ambição que eles tinham. Eles queriam tanto vencer, que encaravam todo o trabalho que fosse necessário. Eles eram também muito claros sobre os parâmetros a serem respeitados na promoção da banda. Havia muitas coisas que eles não fariam, como comerciais para rádios."Oi, aqui é o Bono, e vocês estão ouvindo a rádio WXYZ, de Passaic". Todas as bandas faziam isso, mas eles não. Desde o começo eles queriam estar no controle de como as pessoas os veriam, como seria a divulgação, era algo realmente pessoal pra eles. Eu ajudei a achar caminhos nos quais eles pudessem se auto-promover, sendo fiéis a si mesmos, mas realmente isso veio deles. O U2 tinha o instinto e eu tinha o conhecimento do mercado, estava apta a auxiliá-los a chegarem lá, sem se venderem muito barato nesse processo. Eles estavam sempre a fim e prontos pra encontrar quem quer que fosse. Nada era demais pra eles. Eu gostei muito disso, porque estava disposta a trabalhar duro, e queria trabalhar com quem estivesse a fim de dar tanto duro quanto eu. Eu vi o quanto eles queriam. Musicalmente, o nível de comprometimento e vontade de correr riscos era realmente de entusiasmar. Pra mim, a energia deles e sua ambição quase nua eram irresistíveis. Eu realmente apreciava o trabalho ético e a força de vontade pra se jogar nisso. Comecei a trabalhar diretamente com eles em 1983".
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Sobre a transformação do Bono em The Fly:

"Eu acho que o Achtung Baby é um dos melhores trabalhos do U2 até hoje. Marcou uma mudança na forma como eles se relacionavam com o público. Eles se afastaram daquela coisa séria e auto-reveladora, para as sombras, aquela coisa toda do The Fly, Bono com os óculos. As pessoas ficaram realmente incomodadas pelos óculos. Aquela persona franca, direta, se foi, e no lugar dela havia ironia, a última coisa que o público esperava do U2. O público notou uma mudança na acessibilidade da banda, e alguns se ressentiram disso. Também acho que marcou uma mudança no Bono. Provavelmente era apenas auto-preservação, uma decisão de não entregar tanto de si mesmo. É claro que em parte era uma paródia daquela coisa toda de celebridade, mas eu acho que era também o jeito dele reconhecer que precisava de alguma proteção. The Joshua Tree era só peito aberto, de cara limpa, entrega total, todo o tempo. Esse era diferente. Nós íamos para as entrevistas, e as pessoas queriam que ele tirasse os óculos, e ele se recusava. Era um truque. Mas eu acho também que ele começava a sentir necessidade da distância que eles criaram. Era demais pra ele ser tão aberto assim, todo o tempo. Eu acho que o público amava essa abertura toda, mas você pode acabar sem que nada reste pra você mesmo. Bono é uma dessas pessoas que está sempre no modo "vamos lá", o tempo todo. Ele tem mais energia do que 5.000 pessoas juntas. Ele nunca foi muito bom em manter o próprio ritmo ou se segurar, e de certa forma eu pensei que aquele era o seu jeito de dizer "eu preciso um pouco mais de mim mesmo". Bono é uma força pura, intelectualmente e espiritualmente, e em qualquer outro nível. Ele é também provavelmente uma das pessoas mais engraçadas que já conheci, e uma das pessoas mais decididas que já encontrei. Conheço muitos músicos e artistas, mas realmente não consigo lembrar de encontrar alguém com tanta força de vida quanto esse cara tem. Há um lado negro nisso também, mas em geral ele o tem usado para o bem".


FRANK BARSALONA E BARBARA SKYDEL

Frank Barsalona e Barbara Skydel, da Premier Talent - empresa americana responsável pelos shows e turnês do U2 nos Estados Unidos, de 1980 a 1997. Ambos foram citados pelo Bono no seu discurso no Rock´n´Roll Hall of Fame.

Barbara Skydel descreve o primeiro show deles no Ritz Ballroom. Ela conta que o lugar era gerenciado por um cara chamado Jerry Brandt, que gostava de trazer bandas da Europa pra tocar. O U2 era totalmente desconhecido, e ninguém sabia se alguém iria aparecer.

"Jerry fez a divulgação usual do show. As pessoas vinham ao Ritz porque era o lugar pra se ir, e eu acredito que era um sábado à noite. Então o público iria se formar aos poucos. Eles vinham pra dançar, não necessariamente pra ver aquela banda de abertura, porque nunca haviam ouvido falar deles. O U2 começou a tocar e talvez umas 10 pessoas se aproximaram. E depois umas 20. Lá pela metade do show, o lugar estava cheio. As pessoas continuaram chegando e chegando pra vê-los. O lugar ficou bastante quente com toda aquela gente. Frank e eu nos entusiasmamos, porque no início pensamos "ai meu Deus, esse é o maior desastre que já vimos". Mas no fim, foi um triunfo. Foi fabuloso. Eles simplesmente ganharam as pessoas com sua música. E essa foi a primeira vez que nós os vimos. Depois do show, fomos ao camarim, e eu acho que Frank disse a eles "vocês vão ser grandes!" A banda era formada por garotos ainda muito jovens. Isso foi em 1981".
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Frank Barsalona:

"Na primeira vez que os vi, fiquei realmente impressionado. Eles eram realmente muito especiais. Eles eram sensacionais tocando ao vivo. Quando eles apareceram naquela primeira vez no Ritz, não ganharam aplausos quando foram anunciados. Jerry Brandt estava com medo que o público fosse vaiar. E acabou sendo uma das formas mais incríveis de ver uma banda pela primeira vez, porque o público não conhecia e nem ligava pra eles, mas no fim do show eles foram literalmente ovacionados. Eles receberam US$ 2.300 por aquele show. Depois disso, fiquei pensando "bem, como faço pra que isso aconteça sempre?"´. É claro que isso era algo que acontecia automaticamente com o U2".

Tradução: Maria Teresa
 
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