Bono sobre Trump: 'Não acredito em uma palavra que sai da boca dele'

Em entrevista ao "Fantástico" neste domingo, 22 de outubro, o vocalista do U2, Bono, e o baixista do grupo, Adam Clayton, falaram sobre política, corrupção e o novo álbum, Songs of experience, que deve ser lançado em 1º de dezembro. Previsto para sair anteriormente, o disco sofreu algumas alterações para soar mais atual diante de acontecimentos como a eleição de Trump e o Brexit no Reino Unido.
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Clayton, no entanto, diz que o álbum não foi engavetado: "Nós queríamos ver o que aconteceria. Como artistas, era importante ver em qual contexto essas músicas estariam, e fizemos algumas mudanças, mas não muitas. Então estamos prontos para lançá-lo agora", justificou.

Para Bono, estamos vivendo um "apocalipse político e pessoal".

"Queria me aprofundar na escrita dessas novas músicas. Afinal, uma hora você se pergunta: por que alguém precisaria de outro álbum do U2? Há muitos deles por aí. Então, eu tive que torná-lo muito pessoal, você vai ver, muitas músicas são cartas para o nosso público, meus filhos e filhas. Há uma carta à América chamada American Soul", disse o vocalista.
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No Brasil para quatro shows, o grupo apresentou a turnê comemorativa dos 30 anos do álbum Joshua Tree. Segundo Bono, eles não têm planos de fazer outra excursão pelo mundo com esta turnê.

"Este é um show como se não pudéssemos repeti-lo. Foi uma jornada que nós apreciamos, e é difícil dizer adeus, e estamos nos despedindo no Brasil. Isso traz sentimentos estranhos. Não vamos mais tocá-lo, este é o plano, a não ser que haja mudanças", afirmou o músico.
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O vocalista também falou sobre como se mantém informado sobre a questão econômica e política no Brasil:

"Eu cofundei esse grupo chamado ONE Campaing, que combate a pobreza extrema onde quer que exista. Temos quase cem mil membros aqui no Brasil. Então, daquela organização, recebo informações constantes sobre o que está acontecendo".

"Estou interessado em saber como enfrentar o problema da corrupção. A corrupção está em todo o lado, não é apenas no Brasil. Vocês têm alguns problemas sérios aqui, porque é um país rico, e eles chamam isso de maldição de recursos. Quando você tem petróleo, gás, minerais, você atrai todos os bandidos. Na África, eles têm um provérbio: reze para que não descubram o petróleo. Porque traz todos os maus. Mas, assim como uma doença — a corrupção, que mata mais crianças do que a malária —, tem cura. E a cura é transparência."
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O líder do U2 ainda fez críticas a Donald Trump. Perguntado se trabalharia com o atual presidente americano por uma causa nobre, o músico hesitou.

"Devemos desenhar um limite quando se trata de Donald Trump", destacou ele. "Trabalharia com ele, talvez, se eu realmente acreditasse nas suas palavras. Acho que ele se distanciou de forma hostil do próprio partido. Não acredito em uma palavra que sai da boca dele."

Ao fim, o cantor aproveitou para acrescentar que Trump ataca grupo "diretamente": "É pessoal quando ele fala sobre os manifestantes. Ele disse: 'antigamente nós batíamos nesses caras'. Isso é um convite à violência contra quem protesta. Eu nasci protestando. Então, isso foi um ataque pessoal a nós"


Fonte: O Globo

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