Bono fala sobre como a eleição do Donald Trump influenciou o próximo álbum do U2

Pouco antes de The Edge falar com a Rolling Stone, a revista enviou diversas perguntas via e-mail para o vocalista do U2, Bono. Como era um intervalo entre os shows o cantor não queria forçar sua voz conversando ao telefone.
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Vocês passaram os últimos meses tocando o álbum The Joshua Tree em turnê enquanto também colocavam os toques finais no novo álbum. A turnê teve um impacto sobre como vocês pensaram Songs of Experience?

Há algumas razões pelas quais atrasamos o lançamento de Songs of Experience. Uma pessoal, uma política. O mundo à nossa volta que nós conhecíamos estava realmente mudando, quase perdemos a União Europeia, algo que ajudou a manter a paz na nossa região durante quase 70 anos. A globalização substituída pela localização é algo compreensível, mas o retorno de pontos de vista rígidos não é para ser tolerado.

O mesmo tipo de descontentamento nos Estados Unidos com a ascensão de um novo tipo de eleitorado, as pessoas na esquerda e direita que perderam a fé no processo político, o corpo político, em instituições políticas. Estes sentimentos são facilmente manipulados e executados pelos gostos de Donald Trump.

Pela primeira vez em muitos anos, talvez em toda nossa vida, o arco moral do universo, como o Dr. King costumava chamá-lo, não estava se inclinando na direção da justiça, igualdade e justiça para todos. A democracia é um desafio na história e requer muito foco e concentração para mantê-la intacta.

The Blackout se inicia falando sobre esta vida, sobre um apocalipse mais particular, alguns eventos na minha vida que mais me fizeram lembrar da minha mortalidade, mas depois segue para a distopia política para qual estamos indo agora. "Dinosaur, wonders why it still walks the earth. A meteor promises it's not going to hurt", teria sido uma linha engraçada sobre uma estrela do rock envelhecida. É um pouco menos engraçado se estamos falando de democracia e velhas certezas - como a verdade. O segundo verso "Statues fall, democracy is flat on its back, Jack. We had it all and what we had is not coming back, Zac. A big mouth says the people they don't want to be free for free. The blackout, is this an extinction event we see?". Vai direto ao grande quadro do que está em jogo no mundo agora.

Há uma música chamada Get Out Of Your Own Way, onde eu tentei usar alguma ironia para refletir a raiva nas ruas: "Fight back, don't take it lying down you've got to bite back. The face of liberty is starting to crack, she had a plan until she got a smack in the mouth and it all went south like freedom. The slaves are looking for someone to lead 'em, the master's looking for someone to need him. The promised land is there for those who need it most and Lincoln's ghost says get out of your own way".

Muitos de seus álbuns foram feitos com um único produtor ou uma equipe com Brian Eno e Daniel Lanois. Por que vocês mudaram isso e trabalham com tantos produtores diferentes em único álbum?

Desde The Joshua Tree, acho que não fizemos um álbum com menos de quatro produtores. Embora Flood não seja creditado como um produtor em Joshua Tree. Em Achtung Baby ele foi creditado como um produtor, juntamente com Eno, Lanois e Steve Lillywhite. Quatro produtores parecem ser o caminho para nós, um para cada membro da banda. A propósito, isso é uma piada. Acho que na verdade há cinco neste aqui.

Há alguns meses, você foi crítico em relação à produção em Songs of Innocence dizendo que faltava "coerência", "deveria ter sido mais cru" e que algumas das músicas funcionaram melhor ao vivo. O que vocês fizeram dessa vez para ter certeza que não aconteceria de novo?

Thomas Friedman em seu livro Thank You For Being Late fala de como as máquinas quando são colocadas em espera, cessam a produtividade, mas os seres humanos quando eles são colocados em espera, começam um tipo diferente de produtividade. A pausa em nosso álbum nos deu uma chance de tocar nossas músicas ao vivo no estúdio, deixá-las mais despidas para uma crueza essencial, sem qualquer truque de estúdio para ver o que realmente nós tínhamos.

No Tonight Show você adicionou letras para Bullet the Blue Sky que foram sem dúvida alguma para Trump. Significa que você se tornará (ainda mais) a voz sobre os perigos que ele representa para o mundo?

É um ponto de partida, sempre acreditei em trabalhar em todo este corredor estreito como um ativista contra a pobreza, mas isso não é uma questão de direita ou esquerda. Há um provocador no cargo querendo intimidar e o silêncio não é uma opção.

Quais são os temas comuns que unem as músicas em Songs of Experience?

Tento não falar muito sobre William Blake porque soa pretensioso citar um gigante literário, mas foi sua grande ideia que peguei para comparar a pessoa que nos tornamos através da experiência à pessoa que partiu em uma jornada. Se você está falando sobre a inocência, você provavelmente já a perdeu, mas acredito que no extremo da experiência, é possível recuperá-la com sabedoria. O pouco que eu tenho, queria colocar nestas músicas. Sei que o U2 entra em cada álbum como se fosse o último, mas mais ainda desta vez queria que as pessoas ao meu redor que eu amo, soubessem exatamente como me sentia. Então, muitas das canções são tipo cartas, cartas para Ali, cartas para meus filhos e filhas, na verdade nossos filhos e filhas.

Há uma canção chamada The Showman que é uma carta para o nosso público, é meio que sobre os artistas e como você não deve confiar muito neles. É sobre mim! Há uma linha engraçada, que particularmente acho engraçada: "I lie for a living, I love to let on but you make it true when you sing along?".

E uma que não percebi até muito mais adiante, que estava escrevendo para mim mesmo: The Little Things That Give You Away. Em todas essas músicas, que são tipos de conselhos, você está, naturalmente, pregando o que você precisa ouvir. Em Little Things, a inocência desafia a experiência: "I saw you on the stairs, you didn't notice I was there, that's cause you were busy talking at me, not to me. You were high above the storm, a hurricane being born but this freedom just might cost you your liberty".

No final da canção, a experiência se rompe e admite seus medos mais profundos, sendo chamada para por seu eu mais jovem, mais corajoso, mais ousado. Essa mesma conversa também abre o álbum com uma canção chamada Love Is All We Have Left. Minha linha de abertura favorita para um álbum do U2: "There's nothing to stop this being the best day ever". No segundo verso, a inocência adverte a experiência: "Now you're at the other end of the telescope, seven billion stars in her eyes, so many stars so many ways of seeing, hey, this is no time not to be alive".

É um momento arrepiante - no refrão que estava fingindo ser Frank Sinatra cantando na lua, uma canção de Sci-Fi inflamada: "Love, love is all we have left, a baby cries on the doorstep, love is all we have left".


Fonte: Rolling Stone
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