O guitarrista do U2, The Edge, conversou com a Rolling Stone em Indianápolis, Indiana, sobre o longo caminho para Songs Of Experience, a turnê em arenas no próximo ano e a "experiência com a mortalidade" de Bono.
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Vocês começaram a trabalhar em Songs Of Experience em 2014, e voltaram a fazer shows do seu lançamento. O mundo mudou muito desde então. Como isso mudou o foco e o propósito do álbum?
O que quisemos fazer foi voltar e ver como nos sentiríamos lançando o disco em um mundo que tinha dado uma grande guinada em uma direção diferente. Porém, as mudanças que ocorreram foram predominantemente nas letras, em alguns casos elas foram bastante sutis.
Como vocês escolhem entre as músicas? Qual é o processo?
Lentamente começamos a colocar as músicas base em seus lugares e depois preenchemos ao redor delas e obtemos as faixas para a identidade geral do álbum. Uma das melodias inovadoras foi The Lights in Front of Me, que agora é chamada de The Lights of Home.
No caso de You're The Best Thing About Me, estávamos realmente animados com mixagem que tínhamos há seis semanas. Então começamos a discutir sobre como iríamos tocá-la ao vivo e voltei para algumas demos antigas e encontrei uma que tinha feito em um momento em que estávamos experimentando ideias de arranjo diferentes. Foi uma experiência que não havíamos buscado e pensei: "esta seria uma boa abordagem se a gente tocá-la ao vivo", e foi o que fizemos no programa de Jimmy Fallon. É uma abordagem desenvolvida com algumas guitarras novas.
Então Bono entrou no estúdio para ouvi-la e disse: "É uma música melhor agora. Não posso explicar o por que, mas eu estou sentindo algo saindo disso". Então, trabalhamos rapidamente em dois dias para transformá-la em um single e levá-la a todos para a audição e considerações. Acabamos concordando que a simplicidade, a crueza disto, oferece um contrapeso para a letra e melodia, que é muito clássica. De alguma forma a música parece melhor - e foi feita totalmente de última hora.
Vocês já finalizaram o álbum?
Temos a ordem de execução definida, o título, mixagens que estão de acordo, pequenas nuances onde queremos fazer pequenas mudanças. Então, sim, está absolutamente pronto para ir para o último polimento. Estamos muito satisfeitos com ele.
Você falou sobre uma "experiência com a mortalidade" de Bono. Pode contar um pouco sobre isso?
Estávamos no processo de fazer o álbum e isso meio que influenciou a direção lírica e onde terminou. Foi uma citação vinda de Brendan Kennelly. Ele é um poeta irlandês e uma vez ele nos disse que sempre achou útil escrever como se você estivesse morto. A dedução é que isso livra você de ter que se justificar mais tarde ou ser delicado ou ser outra coisa senão uma expressão pura de sua essência e o que é crucial para você.
Bono pegou essa ideia e escreveu um monte dessas letras como cartas para certas pessoas que são pessoas muito importantes em sua vida, sendo os fãs do U2, sua família, amigos... Ele estava pensando: "se eu não estiver por perto, o que eu gostaria de deixar para trás?". Acho que claramente o levou a um lugar onde ele queria escrever sobre as coisas essenciais. Claro, no momento em que terminou o registro, o aspecto político começou a ser trazido novamente para ele, por isso tornou-se uma síntese de letras muito pessoais com referências políticas sobre o que está acontecendo.
As primeiras linhas de The Blackout falam "Um dinossauro se pergunta por que ele ainda caminha pela Terra". É sobre ser uma banda de rock em 2017?
Acho que é isso, mas ele também está falando sobre onde vamos a partir daqui e acho que há mais de um aspecto político e há também uma referência à Donald Trump. O que é divertido sobre algumas dessas músicas é que há duas músicas acontecendo quase em paralelo.
Vocês irão lançar este disco de uma maneira tradicional?
Neste momento estamos muito empenhados em lançar ele em cooperação com todas as partes interessadas no negócio de lançamento de música, ao invés de alguma nova experiência, como fizemos no último disco, encontrar uma única forma de lançamento e ficar por trás daquilo.
Então no dia do lançamento estará disponível no Spotify, Apple, Tidal...
Sim, estamos trabalhando com toda essa gente.
Sabemos que vocês irão voltar para as Arenas na turnê no próximo ano.
O que temos agora são fortes suposições de trabalho, em vez de um plano concreto. Tocaremos em arenas no próximo ano, promovendo o álbum. Vamos tocar na América do Norte e Europa e provavelmente mais longe também.
Já pensaram sobre o setlist, ou ainda está longe para isso?
Não estamos nessa fase. O que é interessante é que temos esses dois álbuns que são companheiros: Songs of Innocence e Songs of Experience. Poderíamos fazer uma turnê só com esses dois álbuns. Isso seria uma proposta interessante. Provavelmente não é o que nós vamos fazer, mas há opções muito interessantes para explorar. Gostaria de tocar Songs of Innocence novamente, porque não fizemos tantos shows da última vez como poderíamos ter feito, e acho que é um show que realmente funcionou. Adoraria fazer mais.
Vocês podem não tocar canções de The Joshua Tree para ser algo diferente na próxima turnê?
Se você realmente pensar sobre isso, seria uma boa ideia fazer uma pausa ao fim desta turnê. Temos um monte de músicas e gostamos de descansar elas de vez em quando, porque às vezes elas começam à ir para um lugar onde começam a perder a sua ressonância mais profunda. O aspecto emocional de qualquer canção do U2 é o ponto de partida. Você nunca quer estar em uma situação em que você está tocando uma música em que se sente como se estivesse fazendo isso por rotina.
Este ano é o 20º aniversário do álbum POP. Você está ciente do culto que cresceu em torno dele na comunidade de fãs do U2?
Amo o disco e acho que há algumas grandes coisas nele. Mas no momento em que foi lançado, nos escapou um pouco porque foi feito de forma apressada. Já tínhamos marcado a turnê e se tivéssemos mais tempo acho que todos nós sentimos que teria sido melhor finalizado. Começamos tentando fazer um disco de cultura dance e, em seguida, percebemos que no final havia coisas que podíamos fazer que nenhum produtor de música eletrônica EDM ou artistas poderia fazer, então resolvemos tentar e obter as duas maneiras. Nesse caso, provavelmente fomos longe demais na outra direção. Nós provavelmente precisávamos permitir um pouco mais da eletrônica para sobreviver.
Canções como Please e Gone envelheceram muito bem.
Amo essas duas músicas. Gosto até mesmo de Wake Up Dead Man. Adoro essa melodia. Uma das músicas que eu estava tentando persuadir todos a tocar na última turnê foi The Playboy Mansion. POP é um grande disco. Estava muito orgulhoso dele até o final da turnê. Finalmente descobrimos isso quando fizemos o DVD. Foi um show incrível que estou realmente orgulhoso.
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