Tradução do livro “U2 Show” – Parte 19

A parte final do livro traz o depoimento de BARRY DEVLIN, integrante da banda irlandesa Horslips e mais tarde diretor de videos do U2. É dele a direção do Making Of The Unforgettable Fire, inicialmente lançado em VHS e mais tarde com bônus no DVD Go Home. Ele começa falando dos primeiros contatos que teve com Paul McGuinness que, na época, era amigo do empresário da Horslips, Michael Deeny.
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"Quando Paul me procurou em 1978 e disse "Estou pensando em ser empresário de outra banda" (obs.: Paul McGuinness já tinha empresariado a banda irlandesa Spud), eu disse, "Você tá maluco, não faça isso, de jeito nenhum! O punk está com os dias contados, vai acabar em menos de 1 ano". Ele disse "Bem, eu não concordo com você. Acho que esses caras são muito bons". Ele então me pediu pra ir ao estúdio com eles, e eu concordei. Quando saí do estúdio eu disse a ele: "Duas coisas: 1) você tem que conseguir um bom produtor e 2) você vai ter que hipotecar sua casa". Eu já estive numa banda. Eu sabia o que fazia uma banda acontecer. O que define as grandes bandas é o tipo de cola, de ligação que existe entre os seus membros. Tem que haver um certo grau de compatibilidade, um certo grau de imaginação, mas mais do que tudo, tem que haver um sentido próprio sobre até onde eles podem chegar juntos, como uma unidade. Foi isso exatamente o que eu vi neles, de forma única, e eu estava certo. O U2 tem as mesmas quatro pessoas na banda que começaram naquela época. Ninguém, nunca, na história do mundo, fez isso antes. Simplesmente não aconteceu. Esses caras tinham a expressão "Grande Banda" escrita neles, por toda parte. Eles estavam marcados como zebras. Eu realmente acreditei que eles eram extraordinários. Eu disse isso publicamente, e não o teria dito se não acreditasse."
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"Eles já sabiam bastante o que queriam na época, musicalmente falando. Quero dizer, antes do Edge, todos os guitarristas baseavam seus riffs em torno do blues; todos eles queriam ser um blues man. Mas The Edge tinha essa coisa diferente, um som mais estridente, e desde então é isso o que a guitarra é. No estúdio, a linha de comunicação era bem clara. Bono podia dizer a Edge o que ele queria fazer, e Edge sabia o que o Bono queria dizer. Aquilo que o Bono quer é muito importante, mas ele não conseguiria fazer o que quer sem o Edge para traduzir isso. Separadamente, eles são ótimos. Juntos, são imbatíveis."
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"Eles são uma grande banda pra se falar a respeito, porque sempre juntam a prática com a teoria extremamente bem; mas não tente dizer a eles o que fazer, a menos que você possa demonstrar que sabe de algo que eles não sabem. O U2 herdou um mundo onde as bandas tinham controle criativo. A maioria das bandas de hoje conseguem se concentrar por não mais do que 38 segundos, então quando vão a reuniões com a gravadora, eles tendem a olhar para aquilo tudo e dizer "Okay, legal, mas tô com dor de cabeça agora, acho que vou cair fora e beber alguma coisa". Isso é bom para as gravadoras, que ficam até bem contentes com esse tipo de controle. Não é assim com o U2. Ninguém jamais conseguiu enrolar esses caras. Nunca. As pessoas chegam e pensam "vamos conseguir aprovar isso logo logo", e 24 horas depois essas mesmas pessoas estão com os olhos inchados de cansaço e os rapazes do U2 ainda estão lá, perguntando, dizendo "Nos mostre aquilo novamente..."Seja qual for o detalhe técnico mais obscuro que eles precisem saber - e alguns que eles nem precisam - eles vão dar um jeito de saber como o processo todo funciona, e ainda vão te dizer como fazê-lo melhor. Eles até assustam um pouco, desse jeito, são muito inteligentes, muito determinados. Bono é incrivelmente determinado; ele tem genuinamente um compromisso com a perfeição em cada detalhe; ele trabalha muito isso."

"O U2 sempre manteve a aderência a um princípio muito simples, que é: eles sabem no que são melhores do que todos os demais. Eles são um fenômeno extraordinário - estilo e substância, juntos, ao mesmo tempo."


DAVE KAVANAGH, que foi o primeiro agente deles, que agendou e promoveu as primeiras turnês deles na Irlanda. A parte mais interessante nesse artigo, e de certa forma única em todo o livro, é sobre a influência do U2 sobre seu próprio país, de como eles ajudaram a mudar a cara da Irlanda.
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"Eu acho que eles podiam ter nascido em qualquer lugar, mas eles nasceram aqui em Dublin e sempre demonstraram enorme orgulho disso. Lembre-se, eles foram a primeira banda a permanecer aqui, a primeira banda que não foi embora da Irlanda. Foi uma escolha muito pessoal que eles fizeram: eles ficaram aqui e contribuíram significativamente para o desenvolvimento da indústria nesse país. Eles não só se desenvolveram sob o ponto de vistas de suas apresentações ao vivo: eles desenvolveram a si mesmos, desenvolveram equipes de turnês, equipes de som, estúdios e salas de ensaio, eles criaram uma mini-indústria completa, por terem ficado aqui, por ensaiarem aqui, e por se apresentarem a partir daqui."
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"Eu não poderia quantificar a contribuição absoluta que eles têm feito para a vida dos irlandeses, esquecendo apenas o aspecto musical disso. Eu viajei ao redor do mundo como empresário do Clannad, fazendo shows em lugares diferentes, e as pessoas me diziam "De onde você é?" e eu respondia "Sou da Irlanda". Eles então diziam "Ah, você é do desgraçado do IRA. Vocês continuam lá se matando uns aos outros?" Eu lembro da mudança significativa que aconteceu (obs.: depois do sucesso do U2) quando, ao dizer de onde eu era, as pessoas comentavam "Ah, é de onde vem o U2!". Eu pensava, "Jesus, eles suplantaram o desgraçado do IRA em termos de reconhecimento mundial!" O país subitamente deixou de ser conhecido como um campo de batalha para ser a terra do U2. Isso mostra o quão importante eles ficaram, e nós tivemos a chance de dizer lá fora que somos irlandeses sem sermos mais associados apenas à guerra. Eles mudaram a percepção desse país internacionalmente de uma forma muito positiva. E eu serei eternamente grato a eles por isso." 



Tradução: Maria Teresa

Leia a Parte 18.

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