25 de setembro de 1976, o início do U2

Em 25 de setembro de 1976, o U2 se reuniu pela primeira vez. Larry Mullen – apenas um garoto de 14 anos – colocou um aviso no mural da escola procurando músicos para formar uma banda. Bono, ainda Paul Hewson, os irmãos Evans, Dick e Dave, que viria a ser The Edge, e Adam Clayton responderam ao anúncio. Estava formado aí o U2, uma das maiores bandas de toda a história do mundo do rock.
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Mas o começo não foi tão fácil assim. O primeiro ensaio aconteceu na cozinha da casa do Larry, em Artane, e eles mal sabiam tocar direito. Veja aqui uma cena do filme ‘Killing Bono’ que reproduz esse momento:
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BONO: “O Larry foi incrível, pois sabia tocar bateria muito bem e o som era fantástico. Quer dizer, tocar bateria na cozinha é como cantar no chuveiro. A bateria mal cabia na cozinha. Nem sei como é que coubermos todos lá.”

ADAM: “Não tocamos muito, estivemos mais conversando. Acho que o Bono nem sequer levou a guitarra, mas isso não o impediu de assumir a liderança.”

LARRY: “Durante cerca de dez minutos, foi a banda do Larry Mullen, para proteger meu ego. Além disso, estávamos na minha cozinha. Depois, apareceu o Bono e estragou tudo. Basicamente destruiu a minha oportunidade de ser líder.”

EDGE: “Não tivemos um começo lá muito promissor. Conversamos muito, éramos um grupo de pessoas tocando músicas que mal conhecíamos para tentar impressionar-nos mutuamente, na tentativa de perceber se tínhamos gostos musicais semelhantes. Era tudo muito primitivo, mas acho que conseguimos encontrar alguns pontos comuns. Lembro-me de ter pensado que gostava de todos ali, que era o mais importante. Achava que eram todos legais.”

LARRY: “Eu não os conhecia nem eles me conheciam. Nunca me tinha passado pela cabeça enfiar quatro ou cinco estranhos num espaço para tocar música. Agora, tudo parecia possível. Quando terminamos o ensaio, agendamos logo um segundo ensaio.”

ADAM: “A estratégia era encontrar uma sala para ensaiar na escola. Acho que era uma forma de nos tornarmos conhecidos na escola, de fazer com que todos soubessem que tocávamos numa banda.”
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LARRY: “Mr. McKenzie, o nosso professor de música na Mount Temples, deixava-nos ensaiar na sala dele às quartas-feiras, à tarde. Donald Moxham, um dos professores de História e bem amigo nosso, contribuía para que a escola nos apoiasse.”

EDGE: “Eu e o Larry sabíamos tocar umas coisas, mas o Adam não tocava nada, apenas fingia que tocava. No entanto, como tinha um baixo, não tínhamos dúvidas que iria ser o nosso baixista. O Bono nem sequer tinha guitarra, mas achava-se o guitarrista principal.”

LARRY: “Foi óbvio desde o início que o Bono ia ser o cantor, não porque tivesse uma voz excelente, mas sim porque não tinha guitarra, amplificador, nem transporte. Que mais é que ele poderia ser?”

E mesmo improvisando no início, não sabendo muito bem o que ia sair dali, os garotos acreditaram que aquilo era algo que gostavam e que queriam se empenhar a fazer. Assim, de uma apresentação na escola eles começaram a gostar de tocar juntos e foram se apresentando em outros diversos lugares. Primeiro usando o nome Feedback e The Hype, só então U2. Assista esta cena reproduzida no filme ‘Killing Bono’.
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ADAM: “U2 surgiu naturalmente, do nome do avião espião, do qual eu tinha ouvido falar, pois a minha família era ligada a aviação. Não sei se os outros fizeram a mesma associação de ideia. Não era um nome óbvio, não enchia os olhos. Era o que gerava menos desentendimentos.”

EDGE: “Era o melhor entre os piores. Pensamos naquele nome durante alguns dias e dissemos: “Bem, sempre é melhor que Hype. Por que não experimentamos durante algum tempo?” E escolhemos o nome U2. Á medida que o tempo ia passando, fomos gostando cada vez mais do nome. Tinha um impacto gráfico muito intenso. Não significava nada em particular, por isso, começamos a gostar do fato de não ter grandes conotações. E também nos diferenciava do The Whatevers, do The Jam, do The Clash, de todas as bandas que naquele tempo tinham nomes começados por “The.” O nosso nome era um pouco diferente, mas não foi de forma alguma um momento “Eureca”, tipo: “É o melhor nome do mundo.” Foi mais do tipo: “Serve”.”

LARRY: “Da primeira vez que nosso nome apareceu no jornal, nos chamaram de “U2 Malahide”. O que eles queriam dizer era ‘U2 de Malahide’, que, como é óbvio, também não estava certo.”

BONO: “A gente ainda estava na escola, mas na minha cabeça Mount Temple tinha se tornado uma sala de ensaios. Tenho grande carinho por ela como um lugar que ajudou a moldar a mim mesmo, aos meus amigos e à minha banda, uma sensação de orgulho de que nós éramos parte de algo em progresso. Eu realmente acreditava que o U2 era capaz de se tornar algo extraordinário, não sei por quê.”
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E assim foi! Aqueles quatro garotos de Dublin começaram a se empenhar cada vez mais, a ganhar destaque e fazer shows por toda a Irlanda e Grã Bretanha, até conquistar o mundo inteiro. Isso aconteceu nos anos 80.

A épica performance da banda no festival Live Aid em 1985, com transmissão global pela TV, apresentou o U2 à diversos países que ainda não o conheciam, tocando ‘Sunday Bloody Sunday’ e ‘Bad’, e mostrando seu engajamento social. E depois, em 1987, o álbum ‘The Joshua Tree’ fez com que o grupo estourasse e conquistasse de vez o sucesso internacional, com hits como ‘Where The Streets Have No Name’ e ‘With Or Without You’.
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Quando a crise se abateu sobre a banda no final dos anos 80, todos achavam que o fim estava perto. Foi um momento realmente difícil para todos, que sentiram a necessidade de mudar. E mudar não é nada fácil. Podemos ver melhor como foi essa fase do U2 no documentário ‘From The Sky Down’.
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O resultado foi uma completa renovação na música, no visual e nas atitudes. O U2 lançou o álbum ‘Achtung Baby,’ em 1991, e partiu para a turnê ‘ZOO TV’, se consagrando ainda mais. Até hoje, a música ‘One’ é considerada uma obra-prima e entra em qualquer lista de melhores músicas de todos os tempos. O grupo ganhou status de “maior banda do mundo” com a “maior turnê” já feita, que serviu de referência para diversos outros grupos posteriormente, revolucionando o modo de um artista se apresentar em shows.
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A partir daí, o U2 continuou na década de 90 na mesma linha de inovação, explorando mais o lado tecnológico e de ironia até o álbum ‘Pop’ (Foi quando a banda aterrissou pela primeira vez no Brasil, com a turnê ‘PopMart’).

Já nos anos 2000, o U2 “voltou às raízes”. Muitos não gostam deste termo, até mesmo alguns dos próprios integrantes da banda, mas o grupo decidiu fazer um álbum mais ‘rock and roll’. Na minha opinião, classifico ‘All That You Can´t Leave Behind’ como um dos principais do U2. É daqueles discos que têm a marca registrada da banda, trazendo músicas importantes como ‘Beautiful Day’, ‘Elevation’ e ‘Walk On’.

O mais recente disco do U2, ‘No Line On The Horizon’, parece que fechou um ciclo ao mesmo tempo que a primeira década do século XXI acabou. A banda viajou pelo mundo com a turnê “U2 360°”, o maior espetáculo já feito, batendo todos os recordes de arrecadação e público.
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Com certeza, o U2 com seus anos de carreira ainda tem o que mostrar, ainda vai surpreender os fãs novamente. É raro encontrar uma banda que tenha os mesmos integrantes desde o início, sem nenhuma alteração. Isso mostra o quanto eles são especiais e o quanto a amizade deles prevalece acima de tudo, inclusive dos interesses da banda. O comprometimento entre eles é sem tamanho, nunca vi igual por aí.
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Larry Mullen Jr., que resolveu começar tudo isso, colocando um anúncio no mural da escola procurando músicos pra formar uma banda, foi perguntado uma vez como o U2 conseguiu se tornar o que é, uma das maiores bandas do mundo. Ele simplesmente respondeu: “Eu não tenho ideia”. Mas eu arrisco a dizer que uma das respostas pode ser exatamente essa: o respeito e a amizade entre eles e o comprometimento dos integrantes. Cada um tem uma personalidade diferente, um jeito único de ser e pensar, mas quando todos estão reunidos a ‘mágica’ acontece e eles conseguem fazer músicas que emocionam milhões de pessoas. Tenho orgulho de dizer que o U2 é a trilha sonora da minha vida, porque cresci ouvindo esses irlandeses, e acredito que vocês que estão lendo também vão dizer o mesmo.

* Citações retiradas do livro “U2 BY U2”

Por Fernanda Bottini


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