JIMMY LOVINE produziu os dois álbuns ao vivo do U2 (Under a Blood Red Sky e Rattle & Hum) e está à frente da Interscope Records, o selo do U2 nos Estados Unidos.
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"Tenho muito orgulho dos dois álbuns ao vivo que produzi para o U2. São obras poderosas. Eu não estive no show de Red Rocks. Eu fui para a Irlanda, e trabalhamos nas fitas gravadas do show, que resultaram no álbum Under a Blood Red Sky (nota: na verdade, só Gloria e Party Girl no disco são mesmo do show de Red Rocks). O disco foi lançado alguns meses depois do filme do show em Red Rocks. Com o Rattle & Hum nós gravamos alguns shows. Eu ía ao show e ficava no meio do público pra sentir o poder de tudo aquilo - pra então fazer o possível em termos de gravação e mixagem que pudesse reproduzir essa sensação: captar a essência do que eles estavam fazendo. Acho que conseguimos isso nos dois álbuns. Tivemos mais controle sobre o Rattle & Hum porque tivemos mais tempo, e porque fomos nós mesmos que gravamos. Nós combinamos partes ao vivo com partes de estúdio, então foi ao mesmo tempo um álbum ao vivo e um álbum de estúdio, o que me deixou muito interessado porque nunca havia sido produzido um álbum dessa forma. Tivemos que fazer as partes ao vivo fazerem sentido com as partes gravadas em estúdio, então usamos muitas das técnicas de gravar ao vivo no estúdio. Nós tínhamos monitores, por exemplo, em vez de headphones. E nós construimos uma atmosfera de show ao vivo na maioria dos estúdios onde trabalhamos. Nós viajamos muito. Fizemos alguns overdubs e tal, mas procuramos fazer parecer que eles tinham saído do palco e ido direto pro estúdio. Acho que uma das melhores gravações ao vivo daquele disco é Pride. Essa e Helter Skelter. Acho que são duas fabulosas gravações ao vivo."
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"Eu comecei a Interscope depois disso. Foi assim. E eles estão na Interscope até hoje, e eu tenho muito orgullho de tê-los. Eu amo aqueles caras. Eles são mais durões do que eu, e mais fortes também. Eles são uma força que não pode ser detida, todos os quatro. É incrível. Pra qualquer banda que comece agora, o U2 é a referência. É assim. Ponto final. Tudo o você pensava enquanto crescia que o rock´n´roll deveria ser ou podia ser, é exatamente o que esses caras fizeram. Eles escreveram suas próprias regras. Determinação, dedicação e consistência. E mesmo assim, Bono vive a face do perigo o tempo todo. Ele é um ser humano superior. Você tem que entender isso. Não há ninguém que eu tenha conhecido que seja como ele. Ninguém. E ele automaticamente te carrega. E ele te faz mudar. Depois de experimentá-lo, se você não mudar, você é um zumbi."
FLOOD foi engenheiro de estúdio no Joshua Tree e Achtung Baby, e produtor no Zooropa e Pop. Ele fala sobre sobre seu papel nas gravações do Pop, comenta sobre o trabalho do Adam, e fala ainda sobre o show de Sarajevo pela Popmart Tour.
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"Eu vejo meu papel junto ao U2 como algo estranho, porque de certa forma eu tenho subido os degraus da organização, e com o Pop eu fui movido para o topo, mas como eu comecei como membro júnior existe uma hierarquia. Tem o Brian, depois o Danny, e então eu. Ninguém fala sobre isso, mas é da natureza humana. Então houve um período onde eu acho que ninguém tinha certeza sobre o que aconteceria com o Pop, se ele era pra ser uma nova direção ou se era pra ser uma extensão do que tinha acontecido antes da ZOO TV. E isso é que era estranho: parecia haver muito intelectualismo, mas o espírito não estava 100% lá. Era como se todo mundo estivesse em um período de mudança e reflexão ao mesmo tempo. Então havia um pouco de "Bem, porque estamos aqui? A gente não pode dar um tempo? Nós temos excursionado demais." Eu me lembro de junho de 1996, sentado ao lado do Bono dizendo "Olha, não se deixe levar pelo fato de que vocês têm uma turnê marcada". Foi muito difícil. Ninguém chegou a perder a cabeça, ninguém caiu fora, havia dias bons e maus no estúdio, mas tudo isso num ar de democracia quando, na verdade, um pouco de "fascismo mimoso" era necessário. Não foi como em Achtung Baby, quando eles quase se separaram com toda aquela tensão em Berlim. Aquela tensão era saudável. Era criativa. E eu acho que esse foi o problema com o Pop. E a ditadora suprema foi a turnê. Eu me lembro de uma reunião com a gravadora, o empresário e a banda, onde eu argumentei que precisávamos de mais prazo. E todo mundo disse "Bem podemos ir até aqui, mas não podemos ir adiante disso". E eu só disse "Eu não acho que vai ficar pronto a tempo". Foi uma experiência muito, mas muito estranha, porque todos sabiam que o disco não estava pronto. O processo criativo é como um jogo de apostas, e você espera que a química esteja lá. Havia frustração, havia decepção com o processo, uma sensação de fracasso dentro de mim, porque eu não havia conseguido entregar o que poderia. E então você passa por períodos de ressentimento, raiva, depressão, e começa a culpar todo mundo. Pra mim levou um ano, talvez um ano e meio, pra que eu pudesse finalmente ver a minha responsabilidade nisso, e me dar conta de que foi um processo coletivo. Foi uma certa época no tempo, e aconteceu. E se não tivesse acontecido, eles não teriam feito o próximo álbum. Você não consegue ser criativo e ficar no topo do sucesso o tempo todo. Tem que haver altos e baixos, e um depende do outro. Quero dizer, as pessoas esquecem que o Rattle & Hum foi criticamente um declive. Isso fez com que Achtung Baby chegasse onde chegou. Totalmente. The Unforgettable Fire, eu acho que foi um certo declive se comparado com o que eles haviam feito antes, e então veio o Joshua Tree. Existe um padrão. Eu acho que é criatividade e vida."
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"Adam é o elemento aleatório na banda, no que tange à música. Algumas das coisas que ele cria - todo mundo na sala olha pra ele e imagina "de onde você tirou isso, Adam?". Uma vez após a outra. E mesmo assim, ele é o mais feliz por, às vezes, ficar à sombra dos outros musicalmente. Muitas pessoas o criticam por tocar partes de baixo bastante simples, mas se o Adam não estivesse lá você teria outros três músicos incríveis individualmente, mas perdidos completamente. Você tem que ter alguém que mantenha as raízes no chão. Normalmente que faz isso é o Larry, mas muitas vezes é o Adam. Ele é aquele que está lá com os pés no chão, mas ele também faz dessas coisas e você pensa "de onde veio isso?".
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"Uma das lembranças mais duradouras que tenho deles aconteceu durante a turnê PopMart. Nós estávamos em Sarajevo. Bono estava sob tanta pressão porque esse show significava muito pra ele, trazer algum conforto para as pessoas da Bósnia e Sarajevo. Era algo muito pessoal. Então a maior turnê de rock do mundo chega a Sarajevo. Eu estava no caminhão que iria transmitir o show, e havia guardas armados e soldados das Nações Unidas. Bono vai para o palco e eles começam o show. No meio da segunda música, eu acho, eu pude ouvir a voz dele indo embora. Como eu conheço a voz dele muito bem, eu pude antecipar o problema cinco músicas antes que ficasse óbvio para as outras pessoas. Eu pude disfarçar na transmissão, até onde era possível. Se eu tinha uma crítica sobre a PopMart em geral, era que a banda tinha ficado impessoal. Todas aquelas luzes, tudo o mais, era maior do que banda. Mas o que aconteceu em Sarajevo foi memorável. Bono perdeu a voz e subitamente você tinha 50.000 pessoas, todas com uma enorme expectativa, vendo esse cara passar por um inferno pessoal por causa do stress, da pressão. Ele perdeu a voz! Você vê essa coisa grande, enorme, desaparecer de uma hora pra outra, mas havia uma conexão total entre o Bono e o público que podia sentir o que ele sentia, seu stress. Foi algo muito emocional. Me pareceu como a primeira vez que eu os vi tocando em um clube pequeno. Bono cantou tão brandamente, e o público estava com ele. Ele cantava, ele grunhia, Edge cantava junto e o público estava totalmente com ele. Isso mostra o real espírito e integridade da banda e a forma como eles se conectam com o público."
Tradução:
Maria Teresa
Leia a
Parte 13.
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