3 de março de 1997: U2 lança o álbum ‘Pop’ e quase põe tudo a perder

Quando uma banda reconhece que errou a mão em um trabalho, é porque os limites da razão e da criatividade foram extrapolados. E a coisa toma proporção dantesca quando se trata de um gigante como o U2. Dos palcos minúsculos às turnês nababescas, os irlandeses cresceram vertiginosamente nos anos 80 e adentraram os 90 querendo experimentar. Assim nasceu “Achtung Baby” (1991), uma obra estranha – para os padrões U2 até então – que se revelou grandiosa. Não tardou para ganhar status de obra-prima. Dois anos depois, a banda vai mais fundo no eletrônico e solta o irregular “Zooropa”, salvo pelos excelentes singles que gerou.
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Entre 1994 e 1996, os membros do grupo estiveram em conjunto, solo e em projetos paralelos, “brincando com batidas eletrônicas”, mais notadamente no álbum que gravaram em 1995 com o produtor Brian Eno como Passengers. Foi o momento crucial para que Bono, The Edge, Larry e Adam resolvessem entrar em estúdio para gravar um trabalho ‘techno’. Juntaram-se ao time os produtores Flood, Howie B e Steve Osborne. A festa no estúdio acabou se revelando uma grande experiência (pro bem e pro mal) e gerou um pouco de confusão. “Pop” nasceu assim: sob o signo da polêmica.

Mas por trás de toda a eletrônica, glitter e alguma sujeira, encontra-se um conjunto bastante sólido de canções. “Last Night On Earth”, “Discothèque”, “Gone” e, especialmente “Staring At The Sun” ainda são guiadas pela guitarra, mas com os tais efeitos eletrônicos embutidos em suas mixagens finais. Descasque os elementos eletrônicos que alienaram muitos fãs e o que temos são canções que ainda preservam o espírito roqueiro do U2. Ainda assim, nada parecia colaborar para que os integrantes se sentissem satisfeitos com o resultado final.
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Sucessivos atrasos na entrega do álbum à gravadora (inicialmente seria lançado em novembro de 1996) e a proximidade da turnê “PopMart” ajudaram a piorar o clima interno. Ainda assim, a cargo de um lançamento inusitado – dentro de uma rede de supermercados -, “Pop” debutou no topo das paradas americana e britânica e chegou rapidamente ao disco de platina. Seis singles foram extraídos do disco, mas apenas os dois primeiros tiveram de fato algum sucesso comercial. “Discothèque” foi número 1 na Inglaterra e 10º nos Estados Unidos. A faixa seguinte, “Staring At The Sun”, pegou a 3ª posição na Inglaterra e a 26ª colocação na América.

Na sequência, a turnê “PopMart” teve início (abril de 1997) e a demora nas gravações do álbum foram sentidas nas primeiras performances da banda. Bono vivia esquecendo letras de diversos sucessos, Larry, Adam e The Edge não se entendiam e eram obrigados a recomeçar as canções diversas vezes, o que gerou ainda mais críticas aos irlandeses e vaias da plateia. Levaria algum tempo até o piloto automático da banda engrenar de vez.

Não foram tempos fáceis para o U2, mas a enxurrada de notas negativas ajudaram a dar um norte à banda. Levaria mais três anos para o quarteto voltar ao estúdio e fazer o que sabem de melhor: rock and roll. Em outubro de 2000, a cargo do hit “Beautiful Day”, o U2 voltava à velha forma em mais um de seus melhores trabalhos, “All That You Can’t Leave Behind”. A dance music, techno e o eletrônico ficou definitivamente para trás…


Fonte: Rockline – MTV

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