Tradução do livro "U2 Show" - Parte 3

Na terceira parte Joe O’Herlihy, engenheiro de som e diretor de áudio das turnês do U2 desde 1979, comenta sobre os primeiros shows da banda, ainda sob a influência da era punk, e fala também sobre como a guitarra “inovadora e criativa” de Edge trouxe a banda um estilo único.

JOE O´HERLIHY

"Em setembro de 1978, no Arcade Ballroom, em Cork, o U2 era a quinta banda a se apresentar, num típico show colegial. Isso foi no final da era punk, onde todas as bandas, como parte da sua performance, quebravam tudo o que eles conseguiam por as mãos: microfones, caixas de som, amplificadores, guitarras, bateriais, etc. Eu tenho lembranças arrepiantes da minha primeira experiência com o U2, onde tudo acabou destruido. Paul McGuinness, com uma mão cobrindo seu rosto, se dirigiu a mim na mesa de som e disse "Oops!" e eu disse "Bem, espero que toda essa merda funcione novamente amanhã à noite". Houve uma época em que o Bono fazia o melhor que podia pra arrebentar cada peça de equipamento que eu tinha; ele dizia que isso era parte do show, e que eu tinha que superar isso, e assim eu fiz. Eu e minha equipe tratamos a banda excepcionalmente bem, e eu acho que Paul se deu conta e respeitava isso, porque em praticamente todos os shows depois daquele eles usaram a minha empresa de sonorização."



"Edge estava experimentando com ecos e vários graus em termos de técnica com a guitarra, e era definitivamente único. Você podia ver que, enquanto Bono tinha o seu apelo, Edge, nesse contexto, era o cara que fazia o grupo acontecer. Ele era muito inovador, criativo, e tinha um som muito diferente da maioria das outras bandas da época. Era com o Edge que eu me sentia mais confortável, porque nós entendíamos o que o outro dizia, tecnicamente falando. Bono era mais inclinado a olhar as coisas em luzes diferentes, provavelmente de um modo mais estético, ambicioso e criativo. Bono tinha a visão e a arte, Edge tinha o som único e o estilo. Desde o começo, falava-se muito sobre a seção rítmica da banda, particularmente o som de bateria do U2. O som da seção rítmica, da cozinha, é a base da banda. Tudo o que fiz no começo foi construido tendo a bateria e baixo como a fundação sólida, um grande som em cima do qual eu podia colocar níveis de guitarra e os vocais."



Joe O’Herlihy conta também sobre a experiência de estar trabalhando numa grande turnê com banda com sua esposa prestes a dar a luz.

"Quando terminamos a parte indoors da turnê em Hampton, Virginia, em 12 de dezembro, nós tivemos que atravessar o país até o Sun Devil Stadium, em Tempe, Arizona, onde nós filmamos ambos os shows de 19 e 20 de dezembro, para a parte do filme (Rattle and Hum) que se passava em estádios. Mas antes disso, eu tinha uma consulta em Dublin em 16 de dezembro, porque minha esposa Marian estava para dar a luz ao nosso quarto filho. A banda arranjou tudo para que eu voasse de Concorde de volta pra Dublin para estar presente no parto, esperando que eu estivesse de volta a tempo para os dois shows. Enquanto esperava no aeroporto JFK, eu liguei pra casa pra saber como Marian estava, e ela me disse que era melhor eu me apressar. Nós tínhamos três filhos, mas eu nunca estive presente na hora em que eles nasceram porque estava sempre longe, trabalhando. Cheguei a Londres, e liguei pra casa, e quando Claire, a irmã da Marian, atendeu, eu vi que estava em apuros. Ela me disse que Marian já estava no hospital e que o nenê era esperado para logo. Me senti enjoado, com medo de que, tendo viajado meio mundo, estivesse tão perto e ao mesmo tempo tão longe, e não havia nada que eu pudesse fazer. Voei pra Dublin e cheguei lá às 9:30h da noite. Corri pro hospital e cheguei às 10:05h, e nossa bela filha Louise nasceu nos meus braços às 10:26h. Consegui chegar ao hospital em 20 min. Eu tenho tido algumas experiências
incríveis em minha carreira, trabalhando para essa banda, mas aquela noite foi o ponto alto da minha vida até agora. O Concorde me levou de volta para New York, voei para Phoenix e cheguei bem a tempo para as filmagens do último show em estádios da Joshua Tree Tour, e dessa forma terminamos um ano fantástico: 1987."



Tradução: Maria Teresa

Leia a Parte 2.


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